Escolha uma Página

Preciso escrever. Preciso registrar a urgência em viver. Meu Deus, onde anda a alegria? Onde anda a criança que se perdeu em algum jardim e ainda não voltou para mim. Por onde eu ando que não me encontro, não me acho. Esqueci de mim por pensar demais nos outros. Esqueci que a minha felicidade é simples. Sempre foi. Minha felicidade é texto, é linha, é música, é melodia. Minha felicidade sempre esteve no gosto das batatinhas com queijo e em parar tudo para escrever aqui. Minha felicidade das redenções aos domingos, em cinema com pipoca doce, em olho no olho, em romance. Sinto falta tremenda do meu romantismo, que há tempos não escreve uma cartinha sequer.  Não me pareço comigo sem ele. Pareço com alguém que não sou eu.  Os ponteiros se perdem, enquanto eu me perco de mim. Ocupo todos os espaços de tempo. Venho ocupando há tempos. Tentando me enganar que é assim mesmo, que sonhar cor de rosa é besteira. Mas está  ali, vivo em mim. E em tardes como essa, que eu tenho zilhões de coisas a fazer, me paralisa, como a criança que escondida atrás da porta, dá uma risadinha baixa, e diz, vamos lá, eu estou aqui. Corro, incansavelmente.Corro contra o tempo, contra essa chatice de ser quem eu tenho sido. Procuro a brechinha de luz na janela, que sempre aparece para clarear o dia. Procuro aquele famoso lugar ao sol. E para ser mais sincero, procuro a felicidade. Quero ser livre de tudo aquilo que me pesa. Quero a alegria de me sentir viva novamente. Quero nascer em vida. Só preciso de um suspiro, de sentir meu coração bater mais forte, de sentir meu passo mais leve, minha alma mais leve… Dormem os meus anjos e demônios, dormem…Por favor, me acordem. Eu tenho urgência em viver.

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