Acordar para dentro

Um dia eu acordei e vi o real do meu imaginado. Fiquei me perguntando – Será que eu errei por acreditar demais? – Será que eu errei por achar que era amor? – Será que eu errei, meu deus, por achar que ouro o que sempre foi bijuteria? – Será que eu errei na miragem, errei e assinei em abaixo, era amor, e ponto. Na minha cabeça tinha que ser. Não aceitava paixão, amizade, e nenhum outro sentimento intruso que poderia dar o seu significado. Era amor e ponto. Eu amava ele, ele me amava, e a gente ia encontrar um jeito de ficar juntos para sempre. Na minha cabeça tinha que ter valido cada lágrima, cada dia, cada segundo que eu me doei, que eu amei, que eu esperei na janela o carro que nunca chegava pra me buscar. Que eu esperava o príncipe que ia me resgatar da minha própria ilusão. Que eu perdoava cada erro que ninguém neste mundo deve perdoar.

Não bastou ver ele com outras. Não bastou me trair infinitas vezes. Não bastou acordar e sentir a infinita falta de amor que se sente. Não bastou sentir a infinita solidão na alma, de quem te vende um sonho que jamais poderá ser realizado.

Nãos bastou ver os dias passarem pela mesma fresta da janela. Foi preciso acordar para dentro. Foi preciso parar de culpar-se por amar demais nesta vida. Por ter nascido com um coração raro, tão caro para ser usado por pessoas tão baratas. Tão feito de amor, acordou em um mundo tão marginal de sentimento. E, como uma criança que desperta, deixando para trás sua ingenuidade, descobriu que amou por dois, que acreditou por dois, foi o seu amor e o do outro, foi romance, fantasia, poesia que insistia em rimar na sua vida. Que amou mais do que poderia. Que comprou crenças que não devia. Que o que lhe tiraram, não volta mais. Porém, ainda assim, enfim encontrou a paz em amanhecer para si mesmo. Porque não vai deixar de ser amor, porque não vai deixar nunca de amar. Não vai deixar de dedicar amor a quem souber de verdade lhe amar. Ilusão a gente só cura quando Deus nos manda anjos, que disfarçados, cuidam e curam as feridas da gente. E levemente, calmamente, nos dedicam sua paz.

( Gente, esse texto tá trancado há muito tempo…Enfim resolveu sair, acordar, publicar… Tem a ver com pessoas que a gente cria uma falsa ilusão, e depois, assim num dia qualquer, a gente acorda, e percebe que foi bem mais, e a pessoa foi bem menos. Acontece… Não é bom nem ruim, apenas fatos da vida que a gente revela através dos dedos, dos textos, de tudo aquilo que viveu. Um super beijo!)