“Gosto de fechar os olhos e rever nossa história. Faço isso as vezes quando você pega no sono antes de mim, e eu tenho a oportunidade de observar o quanto tu fica lindo dormindo. Gosto de construir toda a linha do tempo, desde antes de você.Engraçado pensar que eu vivi tantos anos sem te conhecer e fico tentando inutilmente imaginar se já não teríamos nos cruzado por alguma esquina dessa cidade caótica – quem sabe algum dia a gente se cruzou mesmo, no meio de tantos outros.. Mas acabo sempre achando que não. Não deixaria um homem como você passar por mim e escapar ileso. Ou deixaria, pois com uma cruzada de olhares ficaria difícil adivinhar que você teria tudo aquilo pelo qual eu me apaixonaria.
E me apaixonei. Não uma ou duas vezes. Tenho vivido um estranho processo de me re-apaixonar. Acontece sempre que fico te olhando trabalhar concentrado em alguma ideia, quando tu levanta a sobrancelha e faz aquele bico que só tu sabe fazer . Ou quando ri de mim e me chama de bicuda, de maluca, de ciumenta. Ou quando chega na cama quando já estou dormindo e, pacientemente, luta contra meu mau-humor, me trazendo pra perto de você, apesar dos meus gemidos ranzinzas.
Na linha do tempo que mentalmente traço os melhores detalhes, fico tentando lembrar desses detalhes porque tenho medo que o tempo apague alguns deles, preciosos e raros. Faço um esforço mental pra me lembrar todos, porque não quero desperdiçar nenhum, e sempre me surpreendo ao perceber como uma parceria pode gerar tanta coisa linda. Até as nossas discordâncias, que raras vezes viraram brigas – da minha parte, ficam na memória como parte boa, porque elas sempre terminam em aprendizado, daqueles que sem dúvida valem mais do que um curso inteiro de PNL.
E nesse processo de construção da nossa história, lembro da música que tocou repetidamente, do primeiro beijo inesquecível, do eu te amo a gargalhadas após minha dramática tentativa de arrancar alguma coisa aí de dentro. Cá entre nós, quantas vezes eu quis ir embora mesmo? Como se sair da tua vida fosse algo fácil… Logo tu que sem eu perceber me cerca todos os lados, me rouba o coração sem me dar o direito de recompensa, rouba a minha pele, sem eu sequer conseguir dizer não ao teu corpo mesmo que cansada. E rouba meus sonhos para tranforma-los em realidade. Você é a jóia que eu plantei um dia em em exercício chamado “cata jóias” ou seria “planta jóias ou colhe jóias” tanto faz, mas eu ainda lembro que um dia, lá atrás, em uma linha do tempo, eu vi você… na minha vida, daqui pra sempre!”