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Sempre fui a favor de poupar os outros das nossas crises. Ninguém precisa saber que estamos em um momento de crise. Eu não sou o tipo de pessoa que fala da vida por aí, sou pior, sou do tipo que escreve. Que usa este blog como uma terapia para desabafar. A vontade é de gritar ao mundo a dor, a ideia é que alguém pudesse curá-la, mas não pode, ninguém pode. Só o tempo. E ele é um senhor velho que se arrasta pela vida e tem nas mãos os problemas do mundo inteiro para resolver. E agora mais um: o meu. O meu problema, que é gigante e não me deixa dormir. Que paralisou uma vida. Que fez eu me sentir pequena. Que fez de mim pequenininha assim ó, do tamanho de uma formiga. E que faz ter mais vontade de ser uma formiga do que ser eu. Porque formiga morre esmagada. Eu quando esmagada, permaneço viva. E isso dói. E não há remédio que me passe a dor. 
Estou morrendo. Disse ao doutor – Eu vou morrer é disso que eu sinto, não de outra coisa. É isso que me mata. Mata o que há de mais bonito em mim: meus sonhos, minha fé, minha fantasia. Eu vou morrer do coração, vou morrer porque tenho um câncer na alma. Ninguém me conhece melhor do que eu. Ninguém vive o que eu vivo. Eu estou morrendo, essa coisa que se instalou em mim não pára de crescer e se espalhar que nem planta daninha que não adianta arrancar pela raiz.   E só eu posso medir a dor que é viver esses dias… Posso ver meus sonhos se suicidarem pela janela, posso ver meu mundo cor de rosa, cinza… em cinzas.  Que o tempo seja meu amigo…. Que me console, que me dê uma das suas drogas bem fortes que me faça esquecer…A vida bonita que eu tanto sonhei viver. 

Por favor, não diga nada, nós dois sabemos que não há cura. Meu tumor cresce a cada morte que vivo. E nem é preciso que tenha acontecido.



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