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– Doutora, tem algo errado comigo, há dias não choro, não sofro, se quer parece que passei por tudo que passei…  E tenho vivido o agora como nunca… Tenho aceitado as coisas que eu realmente quero sem brigar comigo depois por isso. Nada me comove ou me convence de fato antes de eu analisar muitas vezes. Tenho vivido dias na superfície das emoções… Um equilíbrio entre razão e emoção. 
A mágoa toda tornou-se indiferença. Tenho pensado em mim, feito as coisas por mim, e não me sinto nem um pouco egoísta por isso. Pela primeira vez na vida digo não pra tudo que me machuca, e não tenho deixado que nada faça parte real da minha vida sem antes eu ter certeza que vale a pena abrir a porta. Tenho aceitado mais o carinho das pessoas, tenho deixado que as vezes cuidem de mim, que me toquem também, ao invés de ser sempre eu o porto seguro. Eu sei que o risco é grande, mas parei de ficar tentando adivinhar o que vem depois, o que vai acontecer, se vai dar certo, se alguém vai se machucar… Parei com as expectativas em cima das pessoas, e parei com as expectativas sobre mim mesma, acabou o receio de desagradar… Aprendi aos 23 anos a me defender. Se me machucar eu revido. Sem pena de quem não teve pena. E se me amar, eu amo em dobro.  Percebi que o pra sempre sempre acaba, que jamais devemos tatuar nome de namorado e que sempre existem pessoas especiais… E muitas, e que essas pessoas podem ser ótima companhia.
 Tenho me surpreendido com momentos. Tenho me surpreendido comigo. Com a direção que eu tenho dado na vida. 
Tenho ficado mais tempo com os meus amigos, sem aquela pressa toda em voltar. Sem ter que explicar. Tenho desligado o celular… Tenho trabalhado mais, e curtido mais  fazer isso.. E continuo acreditando nas pessoas, na vida, nos sonhos, no amor… você acha que eu estou ficando louca?

– Não, eu acho que você acabou de ganhar alta.




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