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Sempre a mesma fresta da janela. Todas as manhãs, quase um ritual. 

 Mas hoje de manhã o céu estava nublado. Não foi a fresta que a acordou. Foi a ânsia de levantar.Foi o não dormir.Caí aqui. Ofegante, pálida, pronta.Precisava escrever…
Meia hora olhando a cidade vazia, os pingos que caíam do céu.Não sei quantas horas dormi,mas eu vi o dia nascer.
E por incrível que pareça, incrível mesmo, eis que uma borboleta pousa sobre a minha janela… Dando cor ao meu dia.Um presente dos céus? 
Um sinal? Uma visita? Tanto faz, borboletas são sempre borboletas.
Mas bem que o dia não precisava amanhecer… Afinal, já amanheceu tantas coisas em mim.
As vezes a gente precisa olhar nos olhos e deixar que esse toque mágico traduza o que o nosso coração quer dizer. Me sinto livre, mais livre que nunca, era isso que eu deveria ter dito,  porque esse sentimento não me aprisiona, ele me liberta.
E como uma borboleta na minha janela, ele voa, e veio ao meu encontro.E como a borboleta se trasforma… Do abstrato pro real. Mais real do que eu imaginei.
Como se saísse do casulo e se permitisse por um único instante voar.
Quase um dejavú. Como se nada ali fosse estranho ou novo. E o que tinha exatamente tudo pra se tornar apenas um engano,me fez perceber que é preciso ter fé, e acreditar nas coisas que a gente sente.Isso não é prender-se, isso é acreditar na vida, no destino, em coisas que são impossíveis de tocar, apenas possíveis de se sentir.
E não foi só o coração que quis sair do peito, foi a alma.
20 minutos ou menos, ou mais… O que importa mesmo é a intensidade de cada momento.

Ao contrário da dor que me era previsto, me veio a paz. E me veio a certeza…

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