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E ela pos a cadeira e sentou-se ao meu lado. Eu só queria ficar só, queria esconder dela a dor que eu sinto. Não quero ver ela triste com a minha tristeza. Mãe deveria ser poupada disso, das nossas dores. Poupada de ver seus filhos sofrerem. Fujo do abraço, porque sei que o abraço é certeiro, é um convite para desabafar e chorar. Aceito o beijo e digo que estou cansada ( e como). Mas o abraço, não dá… foi ali que eu desabafei tantas e tantas vezes, naquele abraço com o cheiro mais maravilhoso do mundo: cheiro de mãe. Foi naquele abraço que eu me senti segura. Foi ali que qualquer ferida na minha alma foi curada. Foi naquele abraço, naquele colo. Naquele jeito dela de compreender qualquer coisa. Mãe tem dessas coisas. Mas hoje eu gostaria de poupa-la. Gostaria que ela me achasse feliz, sem esse ar de tristeza que veio junto com a estação. Ela enfeita a casa para o natal. Ela tem vivido a sua adolescência, tem vivido uma fase que jamais viveu. A sua alegria contagia a casa. Ela quer contar todas as suas conquistas, seus momentos…
Acho que esse é o momento em que a gente deixa de ser criança – Quando passamos a suportar sozinhos as nossa dores. Quando poupamos  as pessoas que amamos de compartilhar o pior dos nossos sentimentos. Quando deixamos nosso melhor sorriso, e guardamos nossas lágrimas para o travesseiro. Quando tentamos tocar a vida, ao invés de nos sentirmos vitimas. Quando buscamos nossas próprias respostas ao invés de esperar que alguém nos dê uma cola do que pode ser nosso futuro. Vai passar, tudo passa. Vou sobreviver, se eu sobreviver. Vou morrer deixando meu melhor sorriso, o dia que eu morrer. Vou poupar dores dos outros, com a esperança que a minha dor seja poupada. Vou seguir meus passos. E entender, que aquele abraço é sagrado, e ele deve ser poupado dos desgostos da vida. 

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