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O inverno chegou neste sábado e junto com ele ocorreu um eclipse anular sob o signo de câncer. Todos estamos sendo convidados a olhar para as nossas raízes, nossas famílias, nossa ancestralidade e sobretudo olhar com muito amor para as nossas emoções! Na mitologia, quando essa estação chega, é no momento em que Hades, o Deus do Inferno, sequestra Perséfone, a deusa da Agricultura, das Estações, das Flores, dos Frutos, das Ervas, e Deméter, sua mãe, a Deusa da Colheita e da Fertilidade, fica muito triste e com isso a sua amargura é refletida na natureza, ou seja, os galhos secam e a natureza fica “sem vida” praticamente durante os meses de inverno.

Mitologia

Depois de alguns meses e, ao negociar com Hades, Deméter consegue fazer com que Persefóne retorne novamente (para cima) para a Terra e logo chega a Primavera, onde tudo floresce. É quando Deméter tem a sua filha de volta e a sua alegria se expande em tudo ao seu redor. E assim ficou “negociado”, Perséfone fica alguns meses “imersa” e outros meses na Terra (e esse movimento se intercala entre as estações do ano!).

Voltar-se para dentro

É como se nesse período de inverno, de recolhimento, fôssemos convidados a rever nossas sombras e as profundezas de nossa alma, para, mais adiante, na Primavera, quando o sol começa a subir para ter o seu ápice em dezembro, possamos brilhar com todo o nosso esplendor!

Conexão ou desconexão?

Podemos fazer a partir disso, uma linda analogia em nossas vidas! Se observarmos a natureza, ela tem os ciclos perfeitos e em muito tempo estivemos totalmente desconectados de Gaia, da Grande Mãe e de toda a sua sabedoria! Por consequência, também não conseguimos acessar a nossa sabedoria inata, quando estamos desconectados dos ciclos da natureza e da vida!

Um rito especial

Nos ciclos da natureza, o inverno é o momento em que devemos nos recolher, é um ritual de passagem inclusive. No hemisfério Sul, Yule é festejado entre 20 e 23 de Junho e no Hemisfério Norte é comemorado em dezembro e marca a morte e o renascimento do Deus Sol. Inclusive nesta noite mais longa do ano, os povos nórdicos e pagãos de várias partes da Europa queimavam toras de madeira para aquecer os lares e as famílias se reuniam para celebrar o retorno da luz. Neste grande festival, colocavam nas casas um pinheiro – pois era a árvore que se mantinha no inverno – decorado com velas e adornos para trazer luz para dentro dos lares e ainda era colocado um pentagrama no topo. Esse movimento nos é familiar no Natal, em dezembro, em que enfeitamos nossas casas e na árvore natalina colocamos a estrela na ponta!

Celebrar

Além disso, presentes eram ofertados para as divindades aos pés do pinheiro e um grande banquete, com nozes, amêndoas e frutas secas, era compartilhado com a comunidade, que celebrava a vida! Já a escolha de comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré no dia 25 de dezembro foi feita no século III como uma estratégia da Igreja para motivar a conversão dos povos pagãos. Dessa maneira, muitos elementos simbólicos e ritualísticos pagãos foram agrupados na liturgia cristã, que se propagou pelo mundo inteiro por muitos séculos.

Comemorar

Ancestralmente, neste Sabbat (como é chamada cada fase, cada etapa da roda do ano), a união era fortalecida para garantir a sobrevivência dos clãs durante os rigores do inverno e eram trocados presentes de intenções como paz, amizade e fé. Para eles, esse é o ano-novo, para celebrar o momento em que o Sol ilumina com mais intensidade o Hemisfério Norte, marcando a chegada do verão lá e do inverno no Hemisfério Sul. Para nós, essa comemoração ocorre em dezembro, em nossa tradição, no Natal.

Retorno da Luz

Em Yule, a Deusa ainda está em sua fase de anciã e triste com a perda do Deus Sol. Porém isto não a impede de dar à luz ao novo Deus Sol que, em breve, irá fertilizá-la novamente e trará a alegria de volta à sua vida. Na Roda do Ano, o Sabbat Yule é considerado o retorno da luz. Uma vez que tudo ficou escuro com a morte do Deus em Samhaim, o renascimento do Deus Sol em Yule é o sinal de que em breve o inverno irá embora e de que uma nova fase de alegrias está se aproximando novamente: a primavera, onde a Deusa, que ainda está anciã, voltará a sorrir e retornará à sua fase de donzela. Por isso, se fala quando uma jovem completa 15 anos, são “15 primaveras”.

Renascimento

Em Yule ocorre uma batalha entre duas faces do Deus Sol que está renascendo. O Rei do Azevinho (escuridão), reinando desde Litha, o Solstício de Verão, confronta novamente o Rei do Carvalho (luz). Nesta batalha, o Rei do Carvalho é vencedor e isto indica que, a partir deste momento, o Sol ficará mais forte a cada dia até atingir seu apogeu em Litha.

Em sincronia com o Sol

A Roda do Ano era a forma como os povos celtas celebravam os ciclos da Terra, dividindo o ano em oito pontos. Em cada um deles aconteciam festivais, ou seja, ritos de passagem, para honrar a Terra, dançar e celebrar a comunidade, a união. Quando a Terra vai movendo ao redor de si mesma e do Sol em dança cíclica, ela mobiliza também padrões de energia que afeta a todos, mesmo que não tenhamos consciência desse processo. Se entendermos a forma como essas energias se movem, podemos agir de acordo com esses movimentos, vivendo de maneira mais harmônica com a Terra e com todos os seres que nela habitam. O que está lá fora reflete aqui dentro e o que está aqui dentro reflete o que está lá fora.

Desarmonia

De certa maneira, por isso, a humanidade está passando por esse momento de grandes desafios. Estava tudo muito automatizado, totalmente desregrado e desarmônico e isso levou todos a parar.

Mudança de energia

Mas voltando sobre os Sabbats, como são chamados esses períodos, ou seja, essas oito divisões marcadas pelos solstícios, os dois pontos exatos onde o dia ou a noite são os mais longos do ano; pelos equinócios, os dois pontos onde os dias e as noites são iguais e pelos pontos que ficam no intervalo entre esses grandes eventos. Crie seus rituais e celebre essas passagens e sobretudo esses momentos especiais de mudanças de energia! Aproveite-os para encontrar a sua sabedoria inata, de acordo com a sabedoria universal!

Datas especiais

Os oitos Sabbats são: Yule (de 20 a 23 de junho), no Solstício de Inverno; Imbolc (em agosto); Ostara (de 20 a 23 de Setembro), no Equinócio de Primavera; Belthane (início de novembro); Litha (de 20 a 23 de dezembro), no Solstício de Verão; Lammas (início de fevereiro) e Mabon (de 20 a 23 de março), no Equinócio de Outono; Samhaim (início de maio) até chegar a Yule novamente e assim os anos vão se sucedendo!

Feliz Yule! Namastê!

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